Resenha "A arte de fazer um jornal diário"
"A arte de fazer um jornal diário"
Ricardo Noblat, em “A Arte de fazer um jornal diário”, além de defender um jornalismo coerente e responsável nos dá uma aula de ética. A crítica aos modelos ultrapassados do jornal impresso, a cobrança da necessidade de busca de novos leitores para os jornais, o questionamento da existência de maus jornalistas nas redações, e a sua sinceridade ao abordar o cotidiano da profissão, só contribuem a formação de um bom conceito sobre o jornalista, diretor de redação do Correio Brasiliense e blogueiro conceituado.
Para os estudantes de jornalismo o livro é o reflexo do cotidiano da profissão. Esse cotidiano na maioria das vezes só vai ser conhecido após o término da graduação, devido a falta de prática oferecida pelas instituições superiores. Como entrevistar? Como começar minha matéria? Porque meu texto está pobre? São aflições que todo e qualquer jornalista sofrem, principalmente quando são inexperientes. Afinal, segundo o próprio Ricardo Noblat, mesmo para quem gosta de escrever, esta tarefa é um suplício e ainda assim, depois de o texto estar pronto, nós jornalistas achamos que poderíamos ter escrito melhor.
Durante a profissão as fontes são nossos maiores troféus, entretanto podem ser também nosso maior problema. Questões como: Ser amigo da fonte, aceitar presentes delas, aceitar favores das mesmas, não só estão presentes no livro, como na vida do jornalista. Na maioria das vezes o resultado de um mau posicionamento com relação às fontes traz problemas éticos para os jornalistas.
Neutralidade existe? Não. E todos já estão cansados de saber disso. Mas ainda assim essa posição não é assumida e por isso Manchetes que empreguem juízo de valor em algum assunto não são bem vindas nos jornais. Hipocrisia? Sim. Se todos sabem que em todas as matérias há a interpretação de seu redator por que no título não pode ser expressa essa mesma opinião?Jornalistas não são deuses, e erram. Erram, sobretudo quando apuram mal um fato e o divulgam assim mesmo. O jornal deve assumir seus erros, isso o dá credibilidade, o humaniza. Leitores não são números, são pessoas e, por isso gostam de ler histórias de pessoas, não de números. Um jornal comprometido com o leitor se preocupa com ele. Isso faz dele um membro participante do jornal, o torna importante.
Estes são alguns pontos abordados com supremacia pelo autor Ricardo Noblat, jornalista há 35 anos, e são esses os 35 anos que fazem do livro um depoimento de vida profissional, um testemunho, que educa, explica.
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