Entropia Máxima

By Branca Andrade

14 outubro 2009

Diário de sonhos

Bem, me incomoda há algum tempo a ausência de posts, por minha culpa, é claro, neste blog. A falta de tempo para escrever aqui, aliada à preguiça de discursar sobre os diversos assuntos que já se passaram pela minha cabeça me fizeram praticamente cravar uma lápide virtual neste lugar.
Entretanto, minha alma blogueira resolveu ressuscitar e com um assunto que atrai muita gente: os sonhos. Resolvi, além dos assuntos associados à meu cotidiano jornalístico, fazer deste blog um diário dos meus sonhos, que aliás, insistem em acontecer invariavelmente todas as noites e nunca se apagam quando acordo.
A idéia surgiu após o término da minha leitura do livro "Quando Nietzsche chorou" ontem. Sempre valorizei, ou melhor, supervalorizei meus sonhos e pesadelos - estes mais frequentes que os primeiros. Desta vez, portanto, resolvi encontrar uma maneira de extravasar a energia narrando os períodos de inconsciência e criando literalmente, um diário de sonhos.
Obviamente, por serem uma intimidade, e na maioria das vezes aparecerem personagens reais que fazem ou fizeram parte de meu cotidiano, narrarei todos os sonhos preservando a identidade das pessoas que nele aparecerem. A idéia não é expor nem a redatora deste blog, nem as pessoas que nos sonhos aparecerem, e sim, por meio das histórias, encontrar uma lógica, por mais ilógica que seja, para os períodos de adormecimento físico e liberdade psíquica.
Bem vindo ao primeiro registro do insconciente noturno!

Sonho de 14/10/2009
Estava em meu ambiente de trabalho e curiosamente uma ex-chefe aparece no local. Ela dizia que precisava de ajuda para um trabalho, mais especificamente de dois livros. Um dos livros deveria, necessariamente ser um romance; o outro poderia ser de cunho místico. Eis que surge no meu trabalho uma biblioteca que não existe na realidade. Fui, prontamente, com a ex-chefe até a estante de livros e lá separei "O pequeno príncipe" e um livro que se relacionava com o Egito de alguma maneira, devido à ilustração da capa. Entreguei-lhe os livros, mas algo me dizia que não poderia tê-lo feito. Então, pedi que ela os guardasse para que meu atual chefe não visse (jamais faria isso na realidade). Ela, para minha surpresa, disse que conhecia meu chefe e que pediria diretamente a ele. Adentrou a sala dele comigo, e eu apreseitei-lhe a ela, naquele esquema:
- Lembra-se de U.N (ex-chefe)?
No sonho meu chefe fazia uma cara de sem-graça e a cumprimentava. Eu saía com a ex-chefe do local e escutava de longe meu chefe falando algo sobre o acontecido.
No fim das contas, os livros foram levados sem autorização e a ex-chefe nem me agradeceu!

Sonhos... vai entender!

22 agosto 2008

Sete almas livres

Estão lá os corpos estendidos no chão... Sete corpos arrancados do seio de um povo trabalhador. A vida é um curto e frágil fio... Um fino barbante sob o poder de mãos inescrupulosas, mãos embebidas em sangue inocente. Tiros, correria, mais um morro entre tantos no Rio de Janeiro. Mais uma guerra em meio a barracos e ladeiras, pipas e pobreza. Na Favela do Barbante sete vítimas fatais de uma competição mesquinha por poder. Milicianos vestiram capuz e foice, entraram na favela violentamente e injustificavelmente - monstros soltos na civilização - ceifaram vidas aleatoriamente, por motivos banais.No atestado de óbito das vítimas destaca-se; causa mortis: questões políticas. Fica no peito uma nódoa de incompreensão. Pulsa no cérebro aquela velha questão: onde vamos parar? Quantos corpos ainda teremos que enterrar? Quantas vidas inocentes precisam ser levadas? Quantas famílias precisam ser arruinadas, para que um dia tudo tenha jeito?O cotidiano sofrido já está banalizado e aqueles sete que foram enterrados deixam saudades, deixam dor. E amanhã nas capas dos jornais nada haverá acontecido. O cronômetro será zerado, o mundo continuará andando aos tropeços. E nós, sem a velha dor no peito. Sem mais nenhuma indignação.Desejo ao menos em meu íntimo, que o outro lado deste mundo vil, seja algo menos dolorido. Que os sete que partiram tenham na realidade se libertado, e nós de cá, estejamos apenas momentaneamente aprisionados, neste mundo hostil.

22 maio 2008

Reportagem: Novas Mídias Publicitárias



Reportagem exibida no canal 16 da NET (UTV), no dia 08/05/2008, no programa "Boca do Povo", produzido pela Universidade Estácio de Sá.

07 maio 2008

Onde os fracos não têm vez


Ganhador de quatro prêmios do Oscar 2008, dentre eles o prêmio de melhor filme, "Onde os fracos não têm vez", apesar de aclamado pela crítica, não caiu no meu gosto pessoal. Realmente, gosto é algo que não se discute, mas é importante comentar, até para que outras pessoas tenham acesso a visões diferentes de um mesmo assunto.
A proposta do filme de mostrar a diferença de combate ao crime à moda antiga (sem armas) frente a situação de transição da década de 80, onde o banditismo detém armamentos cada vez mais eficientes e modernos, pareceu uma boa idéia, até o momento que a banalização da violência foi enfatizada frame a frame da obra.
De narrativa lenta, o filme estampa mensagens angustiantes de mortes sem precedentes, realizadas por um assassino psicótico, Anthon, interpretado por Javier Bardem (que atuou brilhantemente), durante sua busca por uma mala com dinheiro. É claro que este tipo de assassino realmente existe, contudo não vejo fundamento na banalização da violência como forma de comprovação da mudança social que a polícia Texana enfrentou àquela época.
Segundo Carla Meneghini, do G1, a história é uma espécie de suspense ambientada no faroeste, com seqüências de perseguição de tirar o fôlego. Mas, acima de tudo, é um estudo de personagens, um mergulho na psicologia da violência, cuja riqueza está em observar como as pessoas reagem a um indivíduo de natureza puramente má. Só uma direção impecável (Ethan Coen e Joel Coen)
consegue fazer com que uma visão tão negativa de nós mesmos seja tão deliciosa.
Contudo, é importante lembrar que por ora pode ser desagradável testemunhar a mediocridade humana e reconhecer-se na maldade. Longe de considerar a obra tecnicamente mal feita, ressalto apenas uma questão de apreciação pessoal. Se muitos não saíram da cadeira pois estavam presos à narrativa, eu, pelo menos, rezava para que o filme terminasse logo, afinal, de miséria humana, maldade e violência, já bastam as que assisto nos noticiários de TV. Prefiro assistir a morte e tortura de um vilão, que sua supremacia perante os inocentes. Piegas? Talvez sim. Mas gosto... cada um tem o seu.

Ballet's



Há quase um ano eu escrevi que o próximo post seria sobre ballet's que vi na Alemanha. O fato é que fica difícil falar do que vi e na realidade não mostrar nada. Deixei o blog um pouco de lado, mas acho que agora serei uma boa blogueira e atualizarei os posts todos os dias. Então, voltando ao assunto dos ballets que vi, posso dizer que a mais forte característica das peças encenadas está no público que as assiste. A platéia sempre lotada, o público é íntimo do que está sendo encenado, conhece os bailarinos e se interessa por saber mais sobre a obra em questão, apesar do ingresso ter o preço bem acima do que é cobrado aqui no Rio de Janeiro.
Noto que quando vamos assistir ballet's como Giselle e Lago dos Cisnes, que são os mais conhecidos, a platéia não conhece a história e não a percebe no meio da encenação. O ballet funciona como um teatro mudo, onde a linguagem utilizada é o corpo, a dança, e a cenografia vem para compor toda a história e ajudar o público a se localizar.
Uma característica interessante é a própria cenografia das peças nos teatros alemães, onde a busca da transportação da platéia para o interior da história é uma preocupação. Para isto são utilizadas cachoeiras virtuais em uma releitura de La Bayadere, trens que invadem a cena em Anna Karenina, dentre outros. Todas estas particularidades vi na Cia. da qual minha irmã faz parte - a Cia. Estadual de Karlshrue, na Alemanha. Para que vocês possam ver um pouquinho da maravilhosa expressão clássica que vi, seguem abaixo alguns vídeos:

22 maio 2007

Visita aos museus

Depois de muito tempo sem postar, devido a correria do dia-a-dia, resolvi resgatar o blog. Fiquei devendo o relato da minha viagem à Europa. Se ainda existir leitor que não tenha desistido de saber sobre estes 15 dias de uma nova experiência, aí vai o resumão da viagem.
O propósito da ida à Europa veio da oportunidade da assistir minha irmã, bailarina clássica, em sua primeira turnê, que durou apenas um dia, mas a primeira vez que a Cia Estadual de Karlshure, na Alemanha, atingiu novas fronteiras, e brilhou em palcos exteriores. A turnê realizou-se em Terrasa, província de Barcelona, uma cidade pequena sustentada pela indústria têxtil e difusora do jazz.
Em Terrasa tive o meu primeiro contato com um lugar diferente do Brasil. Lá visitei um Museu têxtil, que narrava toda a história da indumentária européia e reservava um andar inteiro para retratar a influência da revolução industrial na moda. Esta influência foi tão grande que os conservadores, refletiam sua insatisfação com as novas máquinas de coser roupas, retratando a natureza como forma de exaltar a origem da moda artesã manufaturada.
De Terrasa para Karlshure. Nesta cidade também visitei um museu, bem diferente do que vi na Espanha. Karlshure é uma cidade planejada, como Brasília, que pertence ao Estado de Baden-Württemberg. Nesta cidade todas as ruas dão para um enorme castelo, e é enste castelo que fica o museu da cidade. O museu é lindo, bem montado, enorme, mas completamente despreparado para o turismo. Todas as explicações da exposição estavam escritas apenas em alemão, o que me fez passar por obras de arte da Roma e Grécia antiga como se fossem objetos comuns ao meu cotidiano. É importante frisar o valor que é dado à arte nestes museus e como estas obras estão sendo bem preservadas. O acesso ao museu é barato, acessível a todos, bem como as explicações devem ser claras para a comunidade local, uma bela demonstração democrática dentro de um estabelecimento histórico-cultural. Pena que eu, profunda desconhecedora da língua germânica, fiquei à margem destas explicações, limitando-me apenas à contemplação.

Próximo post sobre os balés assistidos.

21 fevereiro 2007

Segunda de Carnaval















Sete escolas passaram pela avenida do samba. Sete escolas marcaram o carnaval de segunda com beleza e criatividade. A Porto da Pedra foi a primeira a mostrar tudo o que premetia o último dia de desfile das escolas de samba do grupo especial. Em seguida vieram a Unidos da tijuca, o Salgueiro, a Portela, a Imperatriz Leopoldinense, a Grande Rio e a Beija-flor. Neste ano a África foi um tema muito abordado, ao todo três escolas homenagearam o continente, e todas no desfile de segunda-feira.
A começar pela Porto da Pedra que entrou na avenida com o samba-enredo "Preto e branco, a cores!", a escola defendeu a África do Sul e a luta de Nelson Mandela contra o apartheid. Na comissão de frente uma roda representava as voltas que o mundo dá e os componentes vinham vestidos de Nelson Mandela. A ala das baianas contava com 250 integrantes vestidas com três cores, simbolizando o fim racismo e a rainha da bateria, Angela Bismark, desfilou com pedras de diamante vindas da África. A escola passou com 34 alas, 2950 componentes e 8 carros alegóricos.
Homenagem à fotografia foi feita pela Unidos da Tijuca com o samba-enredo "De lambida em lambida a Tijuca dá um click na avenida". Com 29 alas, 7 carros e 4000 componentes a Unidos da Tijuca contou na comissão de frente a chegada da fotografia por D. Pedro II e colocou como fotografados os presidentes das escolas de samba do grupo especial competindo pela taça, que simboliza o campeonato. O carro abre-alas mostra a pintura como princípio da fotografia. Leonardo da Vinci e a Monalisa abrem o desfile e de uma forma bem humorada o carro coloca o personagem do grande pintor aderindo a fotografia.
A segunda escola a defender a África foi o Salgueiro, que se apresentou com o samba-enredo "Candaces", homenageando as mulheres africanas. Ao todo 3.400 componentes passaram pela escola e 7 carros alegóricos reatrataram a força da mulher africana e sua história. A comissão de frente trouxe 15 componentes representando o faraó e seu séquito mumificado carregando um bloco de pedra que prendia a energia vital de Nefertiti, rainha a qual eles tentaram trazer a vida na avenida.
O Pan 2007 também não deixou de aparecer no carnaval pela Portela. O samba-enredo "Os deuses do olímpo na terra do carnaval: uma festa do esporte, saúde e beleza" passou animando as arquibancadas e 8 carros, 4.200 componentes e 31 alas auxiliaram na composição do samba. A comissão de frente representou os deuses do olimpo e a primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Cecília Kerche, representava a deusa grega da vitória, Niké.
O bacalhau da Noruega foi o tema da Imperatriz Leopoldinense com o samba "Teresinhaaa, uhuhuuu! Vocês querem bacalhau?". O apresentador Chacrinha, autor do bordão que deu origem ao samba foi o anfitrião do desfile e a comissão de frente apresentou integrantes trajados de bacalhau com cabeça, fazendo alusão à piada de que bacalhau não tem cabeça. A velha guarda representou o povo da Noruega.
A escola que depois do desfile teve seu carro abre-alas incendiado, a Grande Rio, homenageou o município de Duque de Caxias. Os 3.600 componentes divididos em 30 alas, e os 8 carros alegóricos cantavam o samba "Caxias, o caminho do prograsso, o retrato do Brasil". A escola levou a Reduc (Refinaria de Petróleo de Duque de Caxias) em um carro e a comissão de frente retratou o trabalho coletivo do município de Duque de Caxias através das formigas.
A última escola da noite, Beija-flor, também homenageou a África com o samba-enredo "Áfricas: do berço rural à corte brasileira". Uma África rica passou pela avenida e na comissão de frente os bailarinos foram substituídos por jovens da comunidade de Nilópolis que representaram a gênese africana. Animais da África também foram representados na avenida em tripés gigantes.
Depois de tanta beleza em apenas dois dias a Beija-flor, a Portela e o Salgueiro também ficaram cotadas pela opinião pública ao campeonato. E as escolas aguardaram ansiosas o resultado divulgado sempre na quarta-feira de cinzas.