Sete almas livres
Estão lá os corpos estendidos no chão... Sete corpos arrancados do seio de um povo trabalhador. A vida é um curto e frágil fio... Um fino barbante sob o poder de mãos inescrupulosas, mãos embebidas em sangue inocente. Tiros, correria, mais um morro entre tantos no Rio de Janeiro. Mais uma guerra em meio a barracos e ladeiras, pipas e pobreza. Na Favela do Barbante sete vítimas fatais de uma competição mesquinha por poder. Milicianos vestiram capuz e foice, entraram na favela violentamente e injustificavelmente - monstros soltos na civilização - ceifaram vidas aleatoriamente, por motivos banais.No atestado de óbito das vítimas destaca-se; causa mortis: questões políticas. Fica no peito uma nódoa de incompreensão. Pulsa no cérebro aquela velha questão: onde vamos parar? Quantos corpos ainda teremos que enterrar? Quantas vidas inocentes precisam ser levadas? Quantas famílias precisam ser arruinadas, para que um dia tudo tenha jeito?O cotidiano sofrido já está banalizado e aqueles sete que foram enterrados deixam saudades, deixam dor. E amanhã nas capas dos jornais nada haverá acontecido. O cronômetro será zerado, o mundo continuará andando aos tropeços. E nós, sem a velha dor no peito. Sem mais nenhuma indignação.Desejo ao menos em meu íntimo, que o outro lado deste mundo vil, seja algo menos dolorido. Que os sete que partiram tenham na realidade se libertado, e nós de cá, estejamos apenas momentaneamente aprisionados, neste mundo hostil.
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