Entropia Máxima

By Branca Andrade

21 fevereiro 2007

Segunda de Carnaval















Sete escolas passaram pela avenida do samba. Sete escolas marcaram o carnaval de segunda com beleza e criatividade. A Porto da Pedra foi a primeira a mostrar tudo o que premetia o último dia de desfile das escolas de samba do grupo especial. Em seguida vieram a Unidos da tijuca, o Salgueiro, a Portela, a Imperatriz Leopoldinense, a Grande Rio e a Beija-flor. Neste ano a África foi um tema muito abordado, ao todo três escolas homenagearam o continente, e todas no desfile de segunda-feira.
A começar pela Porto da Pedra que entrou na avenida com o samba-enredo "Preto e branco, a cores!", a escola defendeu a África do Sul e a luta de Nelson Mandela contra o apartheid. Na comissão de frente uma roda representava as voltas que o mundo dá e os componentes vinham vestidos de Nelson Mandela. A ala das baianas contava com 250 integrantes vestidas com três cores, simbolizando o fim racismo e a rainha da bateria, Angela Bismark, desfilou com pedras de diamante vindas da África. A escola passou com 34 alas, 2950 componentes e 8 carros alegóricos.
Homenagem à fotografia foi feita pela Unidos da Tijuca com o samba-enredo "De lambida em lambida a Tijuca dá um click na avenida". Com 29 alas, 7 carros e 4000 componentes a Unidos da Tijuca contou na comissão de frente a chegada da fotografia por D. Pedro II e colocou como fotografados os presidentes das escolas de samba do grupo especial competindo pela taça, que simboliza o campeonato. O carro abre-alas mostra a pintura como princípio da fotografia. Leonardo da Vinci e a Monalisa abrem o desfile e de uma forma bem humorada o carro coloca o personagem do grande pintor aderindo a fotografia.
A segunda escola a defender a África foi o Salgueiro, que se apresentou com o samba-enredo "Candaces", homenageando as mulheres africanas. Ao todo 3.400 componentes passaram pela escola e 7 carros alegóricos reatrataram a força da mulher africana e sua história. A comissão de frente trouxe 15 componentes representando o faraó e seu séquito mumificado carregando um bloco de pedra que prendia a energia vital de Nefertiti, rainha a qual eles tentaram trazer a vida na avenida.
O Pan 2007 também não deixou de aparecer no carnaval pela Portela. O samba-enredo "Os deuses do olímpo na terra do carnaval: uma festa do esporte, saúde e beleza" passou animando as arquibancadas e 8 carros, 4.200 componentes e 31 alas auxiliaram na composição do samba. A comissão de frente representou os deuses do olimpo e a primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Cecília Kerche, representava a deusa grega da vitória, Niké.
O bacalhau da Noruega foi o tema da Imperatriz Leopoldinense com o samba "Teresinhaaa, uhuhuuu! Vocês querem bacalhau?". O apresentador Chacrinha, autor do bordão que deu origem ao samba foi o anfitrião do desfile e a comissão de frente apresentou integrantes trajados de bacalhau com cabeça, fazendo alusão à piada de que bacalhau não tem cabeça. A velha guarda representou o povo da Noruega.
A escola que depois do desfile teve seu carro abre-alas incendiado, a Grande Rio, homenageou o município de Duque de Caxias. Os 3.600 componentes divididos em 30 alas, e os 8 carros alegóricos cantavam o samba "Caxias, o caminho do prograsso, o retrato do Brasil". A escola levou a Reduc (Refinaria de Petróleo de Duque de Caxias) em um carro e a comissão de frente retratou o trabalho coletivo do município de Duque de Caxias através das formigas.
A última escola da noite, Beija-flor, também homenageou a África com o samba-enredo "Áfricas: do berço rural à corte brasileira". Uma África rica passou pela avenida e na comissão de frente os bailarinos foram substituídos por jovens da comunidade de Nilópolis que representaram a gênese africana. Animais da África também foram representados na avenida em tripés gigantes.
Depois de tanta beleza em apenas dois dias a Beija-flor, a Portela e o Salgueiro também ficaram cotadas pela opinião pública ao campeonato. E as escolas aguardaram ansiosas o resultado divulgado sempre na quarta-feira de cinzas.

20 fevereiro 2007

Domingo de carnaval














Falar de carnaval carioca sem falar das escolas de samba do grupo especial é como ignorar um belo dia de sol. A cada ano que passa as escolas do grupo especial dão um show de criatividade. A Sapucaí vira uma enorme linha do tempo e as agremiações do samba ensinam história de uma forma alegre e irreverente.
A Estácio de Sá resgatou um samba de 1987, "O titi do sapoti" e apresentou uma releitura da fruta que deu origem ao chiclete. Este mesmo samba-enredo foi apresentado na avenida de uma maneira completamente diferente, que em 1987 pela carnavalesca Rosa Magalhães. A comissão de frente apresentou as civilizações Maia e Asteca que desenvolveram a goma de mascar.
A coroa do Império Serrano levantou a bandeira da superação das diferenças com o samba "Ser diferente é normal: O Império Serrano faz a diferença no Carnaval". A Escola também está fazendo 60 anos e aproveitou o desfile para prestar uma homenagem, retratando na comissão de frente o padroeiro da escola, São Jorge. Também foram gravadas cenas da novela "Páginas da Vida”, da TV Globo, com a rainha da bateria Quitéria Chagas.
O samba-enredo da Mangueira foi um hino que exaltou a língua portuguesa - "Minha pátria é minha língua, Mangueira, meu grande amor. Meu samba vai ao Lácio e colhe a última flor". Jamelão por problemas de saúde não pode cantar o samba e a comissão de frente representou Camões. Os integrantes transformavam-se em portuguesas para dançar o vira, e com placas se comunicavam com o público, cumprindo a principal missão da língua. Com as placas também foi montada uma bandeira do Brasil com as cores verde e rosa e foi feita homenagem ao Jamelão.
Com um show de criatividade e inovação a Viradouro trouxe o samba "A Viradouro vira o jogo". A bateria da escola veio em cima de um carro, e na hora de entrar no recuo uma bateria fake ocupou seu lugar. A porta-bandeira tinha uma saia que era uma roleta de jogos que soltava fogo e a comissão de frente abria o jogo na avenida com cartas de baralho e coringas.
High-Tech a Mocidade Independente de Padre Miguel resscreveu a história do mundo sob a ótica de evolução tecnológica, comparando as facilidades de hoje com a importância do artesanato, das mãos humanas. "O pretérito do futuro: uma história feita a mão" foi o samba cantado e a comissão de frente abria passagem para a escola com uma enorme bíblia que tinha um adão que saía de suas páginas para se encontrar com a máquina e os outros componentes que representavam a tecnologia.
A última escola de Domingo, Vila Isabel, foi a campeã do carnaval de 2006. A escola apresentou a metamorfose na avenida, dos macacos aos homens na comissão de frente. Todos os carros da escola apresentavam iluminação especial e o carro abre-alas era um anorme camaleão que mudava de cor. O samba cantado foi "Metamorfoses: do reino natural à corte popular do carnaval - As transformações da vida".
O primeiro dia de desfile surpreendeu e a Mangueira e a Viradouro foram consideradas as duas melhores escolas do dia segundo opinião popular na Globo, ambas com nota 9,5.

19 fevereiro 2007

Carnaval 2007 - Rio de Janeiro


Moradora da Lapa há oito anos, posso afirmar que nunca vi aquela área tão fervente no carnaval. Parece até que estamos na Bahia, construções antigas, sobrados, música, pessoas animadas e muita, muita festa.
Atrevo-me a dizer que o ano de 2007 está sendo o ano da volta definitiva do carnaval de rua, dos blocos. Onde antes o Rio se esvaziava e somente a Sapucaí fervia, este ano o Rio de Janeiro em peso preferiu a zona carioca para festejar o carnaval e pular a valer. Sou testemunha de que em época de carnaval a Lapa parecia um bairro fantasma, limitado a presença apenas dos assaltantes oportunistas. Orgulho-me de ver minha Lapa como está. Apesar de ter meu sono atrapalhado todas estas noites do carnaval prefiro a alegria da multidão que está nas ruas aos gritos da solidão. Palmas para a minha Lapa, palmas para o meu carnaval carioca.

08 fevereiro 2007

Quanto vale uma vida?


Mata-se por R$1,00, mata-se por 1 milhão, por um carro, por uma bolsa supostamente cheia de dinheiro. Ultimamente tudo é motivo para matar. Esta, pode-se dizer, virou até a ameaça da brincadeira das crianças, e uma das palavras mais usadas pelos vilões das novelas. Numa época onde a tirania é a do dinheiro, não se mede esforços, e nem conseqüencias, para que a finalidade própria, de acumular dinheiro, poder, posses, bens, seja alcançada.
Antes o bem mais valioso do ser humano era a vida, hoje é o que o dinheiro pode comprar. Em nome do dinheiro planeja-se homicídios de pessoas que não podem nem se defender, em nome do dinheiro arrasta-se uma criança até a morte num assalto. E a vida? O dinheiro compra a vida?
Seguradoras enriquecem com o nosso risco de morte, risco de assalto. Têm pacotes para todos os gostos. Seguros de carros - o preço varia de acordo com o carro, seguros de vida, de moto, até de uma parte querida do corpo humano, mas quem paga os danos morais da morte ou violência a alguém querido?
Aviso a quem quiser me roubar, que me leve tudo, dinheiro (que eu não tenho), carro (que eu não tenho), bicicleta (essa eu tenho), roupa, leve-me tudo, mas deixe para mim o que há de mais precioso. A minha vida. Esta nem mastercard pode pagar. Minha vida está repleta de sonhos a serem realizados, e a de muitos outros, vítimas da tirania do dinheiro, também deveriam estar. Peço aos tiranos apenas o direito de viver, que este direito seja concedido a todos. Apenas o direito de viver...