Entropia Máxima

By Branca Andrade

30 novembro 2006

Dia Internacional da Luta Contra a Aids


Amanhã Dia Internacional da Luta contra a AIDS. Um dia, que não deve ser o único, que todos se preocuparão com uma doença que, além de não ter cura, faz das pessoas contamidas alvos constantes de preconceito devido a falta de informação. Não que não haja pessoas bem informadas preconceituosas, mas o desconhecido traz muito mais resistência.
As pessoas, ainda hoje, têm medo de "pegar" Aids pelo toque, pelo beijo, pelo abraço, enfim por qualquer outra forma que seja. Não preciso ir muito longe para dar base a essa minha afirmação. Minha própria avó, moradora de Macaé, hoje um município em crescimento, separa os talheres que o sobrinho portador de HIV utiliza por medo de ser contamida. Esta ainda é uma manifestação pequena, uma vez que minha avó o trata muito bem, o alimenta e o recebe em casa. Há casos onde o preconceito não permite sequer que os soropositivos sejam empregados.
Não posso ser pessimista e deixar de mencionar que a situação do preconceito contra a AIDS já melhorou significativamente, mas é preciso mais. As campanhas de conscientização populacional devem chegar em todos os lugares, em todos os cantos. Todos devem ter acesso a esse tipo de informação. Acredito que seja mais barato investir na educação social que em produção de remédios e custeio de pesquisas para a cura de uma doença.
A redução das estatísticas de contaminação só acontecerão a partir do momento que um número maior de pessoas saiba o que é a AIDS e possa agir preventivamente contra ela. Aquele velho ditado - é melhor prevenir que remediar - é apropriado para essa situação. Desejo que, neste Dia Internacional da Luta contra a AIDS, o mundo reflita sobre a doença, mais pessoas conheçam a AIDS, o preconceito diminua e que um dia a cura chegue.

29 novembro 2006

Resenha "A arte de fazer um jornal diário"

"A arte de fazer um jornal diário"


Ricardo Noblat, em “A Arte de fazer um jornal diário”, além de defender um jornalismo coerente e responsável nos dá uma aula de ética. A crítica aos modelos ultrapassados do jornal impresso, a cobrança da necessidade de busca de novos leitores para os jornais, o questionamento da existência de maus jornalistas nas redações, e a sua sinceridade ao abordar o cotidiano da profissão, só contribuem a formação de um bom conceito sobre o jornalista, diretor de redação do Correio Brasiliense e blogueiro conceituado.
Para os estudantes de jornalismo o livro é o reflexo do cotidiano da profissão. Esse cotidiano na maioria das vezes só vai ser conhecido após o término da graduação, devido a falta de prática oferecida pelas instituições superiores. Como entrevistar? Como começar minha matéria? Porque meu texto está pobre? São aflições que todo e qualquer jornalista sofrem, principalmente quando são inexperientes. Afinal, segundo o próprio Ricardo Noblat, mesmo para quem gosta de escrever, esta tarefa é um suplício e ainda assim, depois de o texto estar pronto, nós jornalistas achamos que poderíamos ter escrito melhor.
Durante a profissão as fontes são nossos maiores troféus, entretanto podem ser também nosso maior problema. Questões como: Ser amigo da fonte, aceitar presentes delas, aceitar favores das mesmas, não só estão presentes no livro, como na vida do jornalista. Na maioria das vezes o resultado de um mau posicionamento com relação às fontes traz problemas éticos para os jornalistas.
Neutralidade existe? Não. E todos já estão cansados de saber disso. Mas ainda assim essa posição não é assumida e por isso Manchetes que empreguem juízo de valor em algum assunto não são bem vindas nos jornais. Hipocrisia? Sim. Se todos sabem que em todas as matérias há a interpretação de seu redator por que no título não pode ser expressa essa mesma opinião?
Jornalistas não são deuses, e erram. Erram, sobretudo quando apuram mal um fato e o divulgam assim mesmo. O jornal deve assumir seus erros, isso o dá credibilidade, o humaniza. Leitores não são números, são pessoas e, por isso gostam de ler histórias de pessoas, não de números. Um jornal comprometido com o leitor se preocupa com ele. Isso faz dele um membro participante do jornal, o torna importante.
Estes são alguns pontos abordados com supremacia pelo autor Ricardo Noblat, jornalista há 35 anos, e são esses os 35 anos que fazem do livro um depoimento de vida profissional, um testemunho, que educa, explica.